sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pioneiros de Carinhanha


De acordo com o depoimento de alguns moradores da cidade de Carinhanha, os primeiros habitantes desta terra foram os índios caipós, que foram expulsos pelo fazendeiro muito poderoso Manuel Nunes Viana.
Um dos moradores mais antigos de Carinhanha, o senhor Antônio Rodrigues Costa, nascido em 20/09/1912, residente na rua do Jatobazeiro, agricultor, hoje aposentado, ressalta em seu depoimento que a agricultura era um dos fatores de maior importância na economia do município, tendo como os principais produtos o algodão, a mamona, o milho, o arroz, o feijão e a mandioca. Ele diz em seu depoimento que por quatro vezes teve que fugir juntamente com seus familiares por medo das rixas existentes entre o doutor Josefino Moreira de Castro e João Alckmin, e quando isso acontecia os moradores deixavam suas casas e os invasores as roubavam, ou seja, saqueavam todos os pertences das casas e lojas.
Estas brigas aconteceram no ano de 1919, e teve fim no início do mandato do prefeito Francisco Timóteo, depois deste período os moradores passaram a viver de maneira mais passiva, com algumas rixas políticas, porém sem que os moradores tivessem de deixar suas casas.
Quanto à dona Eva Bezerra Lima, nascida em 07/01/1926, em Pernambuco, veio para Carinhanha com 5 anos de idade com seu pai Francisco Bezerra, que comercializava tecidos. Quando aqui chegou, esta cidade era pouco povoada, havia apenas a rua principal Duque de Caxias e a praça da igreja Matriz e poucos estabelecimentos comerciais, dentre eles a loja de tecidos do senhor Joaquim Araújo.
A política neste período era muito violenta causando diversas mortes, vivenciadas pelas pessoas daquela época.
Já a residente Edite Pereira Magalhães, nascida em 20/06/1926, no distrito de Carinhanha, é filha de pai vaqueiro e mãe doméstica, ambos viviam também da venda dos produtos da terra comercializados no vapor, como doces caseiros, requeijão, ovo caipira, lingüiça caseira, milho, arroz, mandioca entre outros. Uma outra fonte de subsistência dos moradores era a pesca que, em grande escala, nelas se praticava com fins comerciais, com a exportação para o município de Juazeiro da Bahia. A mesma diz que tudo corria muito bem exceto os conflitos causados pelos líderes políticos, nesta época a cidade de Carinhanha não havia paz, acrescenta ainda que certa vez, um grupo de 3 líderes políticos invadiram a igreja matriz de São José, atacando o padre Manoel Nascimento, vigário da paróquia, prendendo-o e tomando a chave da igreja.
A senhora Ursulina Pereira dos Santos, nascida em 15/12/1929, em Matias Cardoso, chegando para morar em Carinhanha juntamente com seu pai, que era carpinteiro, e sua mãe que além de doméstica também era artesã.
Esta foi criada carregando água do rio para vender para alguns moradores, trabalhou em casas de família até aprender a costurar, exercendo essa função para o sustento dos seus 6 filhos.
Conta em seu depoimento que a noite ninguém saia para as ruas por medo de lobisomem, da porca de olhos de fogo e a mula sem cabeça, pois acreditava em tais superstições contadas pelos mais velhos.
Como percebemos nos depoimentos acima houve períodos de grandes conflitos políticos, porém nos dias atuais a paz e a tranqüilidade tão almejada pelos antigos moradores reinam no seio das famílias carinhanhense, hoje é uma cidade de pessoas diferentes pacíficas e plácidas, este povo por sua vez tem sua tradição folclórica e sincretismo religioso, ainda imperam em todo município.

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